Quando se fala de suplementos alimentares, como whey protein e creatina, há pessoas que torcem o nariz por acreditarem que esses produtos estão no mesmo grupo dos anabolizantes. Embora ambos sejam bastante falados no mundo fitness, não se trata da mesma coisa. Compreender as diferenças é essencial para quem quer cuidar da saúde e fazer escolhas seguras, de acordo com o objetivo que se tem.
Os suplementos alimentares podem ser usados por praticantes de atividade física ou não, uma vez que funcionam como uma espécie de suporte nutricional. Já os anabolizantes, popularmente conhecidos como “bombas”, são, na maioria das vezes, associados a problemas de saúde por serem usados para finalidades estéticas, quando o seu uso é indicado apenas em situações clínicas específicas para regularizar a disfunção hormonal.
Segundo o Ministério da Saúde, os suplementos alimentares são produtos que complementam a alimentação, garantindo o consumo adequado de nutrientes, substâncias bioativas, enzimas e probióticos. Eles são destinados para todas as pessoas, conforme as necessidades individuais, mas não são medicamentos, por isso, não servem para tratar, prevenir ou curar doenças
Grande parte das substâncias presentes nos suplementos pode ser encontrada na própria alimentação, mas, em alguns casos, a dieta sozinha não consegue sanar todas as demandas do corpo. Por exemplo, pessoas que têm restrições alimentares ou preferências pessoais específicas podem não consumir fontes de ômega 3.
Conforme explica a Sociedade Brasileira de Clínica Médica (SBCM), o ômega 3 é encontrado em peixes, como salmão e sardinha, sendo essencial para a saúde cardiovascular e cerebral. Dessa forma, pessoas que não têm o hábito de consumir esses alimentos e não fazem o uso de suplementos podem ter problemas de saúde.
O Ministério da Saúde explica que a importância do ômega 3 e de outros suplementos alimentares é evidenciada no auxílio que esses produtos oferecem ao funcionamento do organismo ao sanar as deficiências de nutrientes essenciais.
No mercado, há uma variedade de suplementos alimentares, cada um destinado a atender necessidades específicas e promover diferentes benefícios. É possível encontrar esses produtos em lojas físicas ou on-line, em diferentes formas, como pó, cápsulas, goma e líquido.
Dados da Associação Brasileira de Indústria de Alimentos para Fins Especiais e Congêneres (ABIAD) revelam que esses produtos estão presentes na dieta de, pelo menos, uma pessoa em 59% das famílias brasileiras. Conhecer e saber como usar a creatina monohidratada e outros produtos do nicho ajuda a garantir o aporte de nutrientes necessários para assegurar mais saúde e qualidade de vida.
Os suplementos alimentares estão isentos de registro da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), com exceção daqueles que contêm enzimas ou probióticos.
Anabolizantes podem oferecer risco para a saúde
A busca por resultados rápidos e impressionantes pode fazer com que praticantes de atividades físicas recorram aos anabolizantes, o que é considerado um risco à saúde. Conforme explica a Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem do Ministério do Esporte, os anabolizantes são hormônios esteróides naturais e sintéticos que promovem o crescimento celular e a sua divisão, resultando no desenvolvimento de diversos tipos de tecidos, especialmente o muscular e o ósseo.
São substâncias, geralmente, derivadas da testosterona, hormônio sexual masculino, e podem ser administradas por via oral ou injetável. Diferente dos suplementos alimentares, que podem ser consumidos por qualquer pessoa, o uso de anabolizantes só é indicado em situações clínicas específicas para regularizar a disfunção hormonal.
O Conselho Federal de Medicina (CFM) proíbe a prescrição de esteroides androgênicos e anabolizantes com finalidade estética, de desempenho ou para ganho de massa muscular no Brasil.
Apesar disso, ainda há pessoas que recorrem a esses produtos com esses objetivos. Dados da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem) mostram que um em cada 16 estudantes no Brasil já utilizou as chamadas “bombas”, sendo a maioria para finalidade estética.
O uso indiscriminado dessas substâncias sintéticas é tema de pesquisas devido ao aumento dos riscos para a saúde. Uma carta científica publicada na JAMA apresenta dados de um estudo observacional dinamarquês que revelam um aumento de 2,8 vezes no risco de morte associado ao uso de anabolizantes.
Na Dinamarca, foram realizadas inspeções antidoping esporádicas em academias de ginástica ao longo de quase 11 anos. Para cada indivíduo identificado como usuário de anabolizantes, foram incluídos 50 controles da população em geral. No total, o estudo monitorou 1.189 homens usuários de esteroides anabolizantes e 59.450 homens controle, com idade média de 27 anos.
Durante o período de acompanhamento, houve 33 mortes entre os usuários de anabolizantes, em comparação com 578 mortes no grupo controle, que tinha 50 indivíduos para cada usuário de anabolizantes. Isso resultou em uma taxa de mortalidade 2,81 vezes maior entre os usuários de anabolizantes em relação aos não-usuários.
Quando analisadas as mortes não naturais, como acidentes, crimes violentos e suicídios, a diferença foi ainda mais marcante, com a taxa de mortalidade entre os usuários de esteróides sendo 3,64 vezes maior do que entre os não-usuários.
Para serem comercializados no Brasil, os anabolizantes devem passar por uma série de ensaios clínicos e aprovações regulatórias que comprovem sua segurança. Além disso, todos são considerados drogas, parte de um tratamento médico, e precisam ter registro na Anvisa.